A pelagem isola o calor, útil no frio, mas desafiadora no calor. Tosquiar pode facilitar a perda de calor, mas remove proteção contra raios UV e danos ambientais, além de alterar o ciclo dos pelos. A decisão de tosquiar deve considerar clima, atividade e saúde do cão, sempre com orientação profissional para garantir seu bem-estar.
Publicado em: 25, fevereiro 2025
No universo dos cuidados com cães, especialmente nos meses quentes de verão, uma pergunta frequente aparece entre tutores e profissionais: devemos ou não tosar os cães com pelagem dupla? Esse debate, que muitas vezes ganha tons acalorados, nem sempre é conduzido com base em informações científicas sólidas. Por isso, nesta publicação, vamos mergulhar nos aspectos da regulação térmica em cães e explorar detalhadamente o funcionamento da capa dupla de pelos, utilizando evidências confiáveis para esclarecer o tema e ajudar na tomada de decisões informadas.
Antes de tudo, é importante definir o que caracteriza uma pelagem dupla. Todos os cães possuem uma estrutura básica de pelagem composta por dois tipos de pelos: os pelos de guarda e o subpelo (também chamado de lanugem). Os pelos de guarda são mais longos, rígidos e resistentes, com a função de proteger a pele e o subpelo contra elementos externos, como água, sujeira e radiação solar. Já o subpelo é mais curto, macio e denso, funcionando como uma camada isolante que ajuda a regular a temperatura corporal do animal.
Embora essa estrutura esteja presente em todas as raças, o termo "pelagem dupla" é geralmente associado a raças específicas, como Golden Retrievers, Huskies Siberianos, Samoiedas e outras que apresentam uma combinação marcante de um subpelo denso e pelos de guarda mais longos. Raças como Poodles e Terriers também possuem pelagem dupla, mas, devido à seleção artificial ao longo de gerações, suas características podem ser menos evidentes ou ter sido modificadas para atender a propósitos estéticos ou funcionais.
Os pelos dos cães seguem um ciclo de crescimento que ocorre em quatro fases distintas: anágena (crescimento ativo), catágena (transição), telógena (repouso) e exógena (queda). Cada folículo piloso funciona de maneira independente, o que significa que nem todos os pelos do cão estão na mesma fase ao mesmo tempo. Esse mecanismo é uma adaptação inteligente da natureza: evita a perda total da pelagem de uma só vez, o que demandaria uma quantidade significativa de energia e nutrientes para reposição.
Nas raças de pelagem dupla, os pelos de guarda e o subpelo têm ciclos próprios. Por exemplo, em raças nórdicas como o Husky Siberiano, os pelos de guarda podem permanecer na fase de repouso por anos, enquanto o subpelo é trocado sazonalmente, geralmente duas vezes por ano, para se adaptar às mudanças de temperatura entre o inverno e o verão. Essa troca sazonal ajuda o cão a se aquecer no frio e a se refrescar no calor, ajustando a densidade do isolamento térmico.
A regulação térmica é essencial para a sobrevivência dos cães, mantendo sua temperatura corporal em torno de 38,5°C, com pequenas variações. Assim como em outros mamíferos, incluindo humanos, os cães possuem um sistema de termorregulação que utiliza diversos mecanismos para dissipar o calor em ambientes quentes ou conservá-lo em climas frios. Vamos explorar esses mecanismos em detalhes:
A pelagem dupla desempenha um papel crucial como isolante térmico. Ela retém uma camada de ar próxima à pele, que pode ser aquecida pelo calor corporal, ajudando a manter o cão aquecido em climas frios. Pequenos músculos ligados aos folículos dos pelos de guarda, chamados músculos eretores do pelo, permitem que esses pelos se levantem ou se abaixem, ajustando a espessura dessa camada de ar conforme a necessidade – mais espessa para reter calor no frio, mais fina para permitir alguma dissipação no calor.
No entanto, em ambientes quentes, essa mesma propriedade isolante pode se tornar um desafio. Estudos mostram que a temperatura dentro da pelagem pode ser significativamente mais alta do que a temperatura ambiente. Por exemplo, em uma pesquisa com Border Collies, mediu-se uma temperatura de 38°C dentro da pelagem em um dia com temperatura ambiente de 21°C. Isso demonstra que a pelagem retém calor, o que é vantajoso no frio, mas pode dificultar a perda de calor em climas quentes, especialmente se o cão estiver sob luz solar direta ou em um ambiente com alta umidade.
Tosquiar um cão de pelagem dupla gera efeitos positivos e negativos na regulação térmica, e entender esses impactos é fundamental para decidir se e como realizar o procedimento. Vamos analisar ambos os lados:
A decisão de tosquiar ou não um cão de pelagem dupla não deve ser tomada de maneira genérica. É necessário avaliar cada caso individualmente, levando em conta os seguintes fatores:
Não há uma resposta universal para a questão de tosquiar ou não cães de pelagem dupla. A pelagem desses animais é um sistema complexo, projetado pela natureza para proteger e isolar, mas que pode apresentar desafios em ambientes ou situações específicas. A escolha deve ser guiada por uma análise cuidadosa das necessidades do cão, do ambiente em que ele vive e dos possíveis impactos na sua saúde e bem-estar.
Basear-se em evidências científicas, como as apresentadas aqui, e consultar profissionais qualificados – veterinários e groomers experientes – é o caminho mais seguro para garantir o conforto e a segurança do animal. Esta publicação buscou oferecer uma explicação detalhada e fundamentada sobre a regulação térmica e o papel da capa dupla de pelos, desmistificando ideias equivocadas e fornecendo uma base sólida para decisões conscientes. Que essas informações ajudem tutores e cuidadores a promover o melhor para seus cães!
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